Interessante notarmos que, por ser, supostamente, uma equivalência ("a mesma importância"), a frase acima poderia ser invertida, pelo menos do ponto de vista da Lógica:
(2) "A Petrobrás dá ao setor produtivo a mesma importância que dá ao seu setor ambiental".
Porém, sabemos que a frase (2) não é sinônima da frase título; mais um desses casos em que o sentido não se rende à pura Lógica; ou melhor, mais um desses casos em que o sentido mostra sua lógica "pura"...
Talvez porque a frase título seja uma hipérbole, algo como: "a Petrobrás tem dado muita, mas muita mesmo, importância ao setor ambiental".
Mas, como podemos pensar que a frase título é uma hipérbole? Aí entra o discurso. Discursivamente, sabemos que, na sociedade capitalista, a produtividade é o que importa; mas, cada vez mais, por marketing ou por razões quase sinceras (mas nunca ao ponto de fazer com que as preocupações ambientais se igualem às produtivas), tem-se falado muito em "desenvolvimento sustentável".
Outra coisa é a própria estrutura desse tipo de construção (o que também se explica pelo discurso), em que a novidade (o termo realçado, hiperbolizado, movimentado) aparece no início da construção, e o termo óbvio, ao final.
(3) O PIB da China já é do mesmo volume que o PIB da Alemanha.
Na frase (3), supõe-se que a igualdade tenha operado mais por causa do aumento do PIB da China do que pela queda do PIB alemão.
Talvez por causa desse tipo de construção, e pela memória discursiva do discurso ambientalista (apresentada mais acima), que a frase (2) nos parece tão descabida.
E, quanto mais a frase (2) nos parece descabida, mais a frase título se nos apresenta menos como uma igualdade de (2) e mais como uma hipérbole.
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