terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Lula: "se beber não dirija"










Kibeloko.blogspot.com, 16/02/2007

Bahktin não tratou de charges, mas seu conceito de destronamento é muito usado nas interpretações deste gênero. Destronar é carnavalizar, é um ato popular que ultraja temporariamente quem os domina econômica e / ou politicamente; e o dominante aceita trocar de lugar, para apaziguar a ferocidade coletiva. E aqui, justo no período de Carnaval de 2007, Lula "deixa-se" destronar de seu posto oficioso. Também podemos dizer que o ethos formal (Lula presidente, logo cansado; tem motorista particular) foi surpreendido pelo ethos fanfarrão (Lula bebum, logo não dirige). É preciso acionar o conhecimento prévio sobre essas facetas de Lula. A legenda: a marca oficial (montagem) do governo faz confrontar o público (Lula fez-se aparecer, para uma campanha educativa no Carnaval) com o privado (o óbvio, por estar Lula escondido no carro). A mensagem "educativa" reforça o sarcasmo, pelo contraste educação no trânsito versus presidente bêbado, e por colocar como um dado o fato de Lula estar bêbado (não põe isso em questão). A fotografia capta um momento, mas não é o real, por ser hiperbólica (exagerada) ou expressiva. Talvez presencialmente ou com uma seqüência de imagens (vídeo) pudéssemos ter mais informações se Lula estava (e em qual grau) bêbado. Charge não é só desenho; as fotomontagens cada vez mais ganham terreno.

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