segunda-feira, 21 de maio de 2007

Isto não é um cachimbo



René Magritte
. "La trahison des images". Lê-se no quadro: "Ceci n´est pas une pipe" ("Isto não é um cachimbo").

Assim como as imagens, as palavras também traem. Traição que não é esporádica, mas constitutiva. A representação de uma coisa (a imagem no quadro) não é uma coisa. Exacerbando isso, a coisa (o próprio cachimbo) pode não ser a coisa (o inomeável, ou o "real" de Lacan). Assim como um cachimbo existente que vejamos é também para nós uma imagem; tem muito de nós no cachimbo. Temos brecha para pensar a questão da ideologia: não é a coisa própria (ou em-si, para certa filosofia) que consta em nossa mente (o cachimbo não está lá dentro), mas algo dessa coisa. Tudo existe enquanto idéia, mas também não sou de certa posição da filosofia idealista (diga-se, do idealismo chinfrim, não o de Platão e Descartes) de total arbitrariedade entre idéia e ideado. Há materialidade, e é pela via da materialidade que devemos dar conta, pelo menos em grande medida, da necessidade (material) de uma ilusão pura (mas material, como a idéia de "Deus"). Apresento este quadro sem grandes aprofundamentos sobre a questão (nem teria bagagem para tal); mais porque o quadro é citado no texto "Perfugae patriam non amant", neste blog.

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